Atum em conserva Mestre Saúl
Falando de boas revelações deste inesquecível, e não por boas
razões, ano de 2020, não há como não falar de Mestre Saúl, o novo lançamento
das conservas Santa Catarina (de São Jorge), alinhando (da melhor maneira,
diga-se) na recente tendência das conservas maturadas.
Há algumas semanas, no EXPRESSO, Ricardo Dias Felner escreveu
um magnífico, recomendável e muito didático artigo sobre as conservas em geral
e sobre esta nova tendência, em particular, aconselhando mesmo o consumo das
conservas na fase final dos seus prazos de validade, que atingirão nessa fase
(ou mesmo depois…) o seu estado de excelência. Ao que se conclui – e a
degustação de Mestre Saúl é uma boa demonstração disso mesmo – que o tempo faz
maravilhas também sobre o peixe em conserva, amaciando-o e singularizando –
para o domínio da delicadeza – o seu sabor.
A verdade é que já Marguerite Yourcenar proclamava “O tempo,
esse grande escultor”, embora se imagine que estivesse longe de pensar no atum
ou nas sardinhas (ou até na carne e no vinho…) como exemplos demonstrativos
dessa natureza temporal. Mas não nos desviemos daquilo que aqui nos trouxe, o
novo Mestre Saúl, das conservas Santa Catarina, e do seu óbvio target
“gourmet”.
O nome Mestre Saúl, diga-se, é apresentando como uma
homenagem a Saúl Casimiro, um artista das conservas, algarvio nascido em 1918 e
que em 1955 chegou a São Jorge, de onde já não sairia, em nome de uma boa
salmoura para os melhores tunídeos, alvos do seu saber, dedicação e métodos
artesanais.
Surge agora como a marca topo de gama da Santa Catarina e
cheia de selos, desde o modo de produção sustentável, à certificação de origem,
e às certificações do modo de pesca artesanal e do modo de produção artesanal.
Podemos, pois, manducar este atum de boa consciência. E, neste caso, com
deliciosas sensações.
O que distingue este atum, agora lançado no mercado, também
no continente, é que esteve em maturação de pelo menos um ano em lata até seguir
para consumo. Não será alquimia, mas o que a degustação demonstra é um atum muito
mais aveludado, suave, salgado no ponto. Diferente do normal, para muito
melhor. Em verdade vos digo, que a experiência vale mesmo a pena, até a comer
diretamente da embalagem (prova de conceito…).
Mas experimentem – em nova prova de conceito… - colocar um
pouco deste atum numa tosta e adicionar um pedacinho de “confit” por cima
(cebola, por exemplo). Umami, topam?
Em tempos de regressos
à escola, sai um “Muito Bom” para Mestre Saúl.
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