Meloa de Santa Maria
Se há bons motivos para desejar que o verão não acabe, um deles é indiscutivelmente um dos frutos mais injustamente desconhecido de muitos forasteiros às ilhas, a tão laranja quanto deliciosa meloa de Santa Maria, cuja proximidade se anuncia pelo fantástico odor libertado pelo fruto maduro.
A meloa de Santa Maria (IGP, ou seja, produto com Indicação Geográfica Protegida) escapa, aliás, aquele velho princípio que é aplicado aos melões (e as meloas são tipos específicos de melão, no caso desta da subespécie “cantalupense”), que só depois de abertos é que sabemos se são bons ou não. Nunca comi uma meloa de Santa Maria (não confundir com a outra “meloa dos Açores”, que desta há as boas e há as más…) que não oscilasse entre o muito bom e o fantástico.
No continente, a meloa de Santa Maria é (dificilmente) encontrável nalgumas das lojas de produtos açorianos e apenas durante curtas semanas do ano, mais para o final do verão. Com uma casca amarela rugosa, não se pode dizer que seja a aparência a sua maior atratividade, ao contrário do cheiro, que anuncia já o belo sabor – daqueles que inunda o palato de puro prazer – que vamos encontrar naquela carnuda e carregada polpa laranja.
No seu incontornável “TOP – Tesouros de Origem Portuguesa”, Fortunato da Câmara dá-nos mais motivos para perceber – e nos encantarmos com - a preciosidade de que estamos a falar: “As meloas de Santa Maria têm cerca de quatro vezes mais vitamina C do que uma meloa normal, além de serem ricas em potássio, magnésio e cálcio”. Eis, nesta meloazinha de aroma inconfundível, uma verdadeira força da natureza. O segredo parece estar no terroir (pensavam que era só nos vinhos?) calcário da ilha amarela.
Em resumo, em Santa Maria não há meloas más. É justo integrar de pleno direito a meloa de Santa Maria na categoria dos sabores PPP (puro prazer palatal).
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