As queijadas da Graciosa, esses pedaços de perdição



Doce de leite acanelado. É esse o sabor que nos assalta à primeira dentada numa queijada da Graciosa, a “ilha branca” que faz parte da rede mundial das reservas de biosfera da UNESCO. E, para início de conversa, falar destas queijadas é falar do primeiro produto a receber, em 2015, o selo “Açores certificado pela natureza”, que assegura a origem natural de todos os seus ingredientes e o processo artesanal da sua feitura.

Há muita paciência por trás deste bolinho de uma doçura intensa e prolongada, que começou por ser conhecido como covilhete de leite, que era algo que nunca podia faltar nas mesas festivas da Graciosa. Viria, depois, a evoluir para a designação de queijada e para a sua forma de estrela, pela mão de Maria José Félix, a fundadora da fábrica, situada em São Mateus, perto da Vila da Praia, de onde saem todos os dias cerca de dois milhares destas pequenas tentações, conhecidas na ilha como as queijadas da Praia

Remetendo para o nome inicial – covilhete – as queijadas da Graciosa são pequenas tigelas crocantes uma massa fina recheadas de um doce de leite, enriquecido com canela e gemas de ovo. Isso significa, desde logo, a paciência que já se falou e o carinho e atenção permanente que exigem as várias horas de cozedura da mistura do leite com o açúcar para atingir o ponto exigido, antes de ser enriquecido com muitas gemas e com a clássica prescrição de canela q.b. E que boas que ficam!

São companhia ideal de um café de final de refeição, por exemplo, que se constitui como o contraponto perfeito para este belíssimo pedaço de perdição e doçura condensada (quem disse que o conceito de harmonização gastronómica se esgota na relação entre vinhos e pratos?). Que, como qualquer outro pedaço de perdição, deve ser consumido com moderação. Ou não.

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