Manteiga Uniflores, ouro puro
Não há que ter medo das palavras, estamos a falar de uma das melhores manteigas do mundo, esta que nos surge numa redonda embalagem de plástico transparente, vinda da Cooperativa Ocidental, de Santa Cruz das Flores. Sim, não há que ter medo das palavras, elas não mordem. Esta é uma manteiga tão deslumbrante para o mais exigente dos palatos como a própria ilha das Flores para todos os outros sentidos, a começar pela visão. E quem não conhece – tanto a manteiga como a ilha – não sabe o que está a perder.
O nome da cooperativa que produz
esta untuosa maravilha remete, aliás, para o facto de estarmos a falar do
território mais ocidental da Europa. Tão ocidental, note-se, que a ilha das
Flores está assente já na placa continental norte-americana. Uma ilha inesquecível
para quem tem o privilégio de a conhecer, e de onde sai esta manteiga
única.
Para saber qual o segredo, é
preciso escolher. É, desde logo, uma manteiga completamente artesanal (ou seja,
batida à mão), feita exclusivamente a partir do leite produzido localmente.
Merecem, pois, uma saudação as ditosas vacas florentinas, que são o ponto de
partida desta manteiga Uniflores.
Só contém mesmo dois
ingredientes: a nata pasteurizada a partir daquele leite e sal grosso. Nada
mais, mas dessa espécie de alquimia entre os dois elementos resulta uma
manteiga de uma tal intensidade de sabor que, se fecharmos os olhos, até pode
passar por um queijo. Não, não é uma manteiga para todas as bocas, sobretudo as
formatadas – deformadas mesmo - nas manteigas industriais de larga
distribuição. Porque esta é uma manteiga doutro campeonato, um sabor exigente.
É produzida em muito pequena
escala, com um teor de gordura de 80%, e que deve ser consumida o mais
rapidamente possível depois da sua produção (o prazo de validade, aliás, não
ultrapassa os 30 dias), pois a sua qualidade pode ser adulterada por uma
incorreta conservação (deve manter-se no frigorifico e não a sujeitar ao
calor). Porque esta manteiga é verdadeiramente preciosa e como tal deve ser
tratada, não é um qualquer berloque de manteiga. Capaz de tornar uma fatia de
pão fresco um momento de requinte gastronómico inigualável.
Os Açores são terra de belas
manteigas (a belíssima Rainha do Pico à cabeça, falaremos dela um destes
dias…), até industriais, mas esta Uniflores é mesmo um caso à parte. Mais cara
do que o normal, sim, mas desculpem dizê-lo: vale cada cêntimo. Percamos,
definitivamente, o medo das palavras: provavelmente, a melhor manteiga do
mundo. Ouro puro.
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